A Sebastiana – Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, foi fundada em 2000 e reúne alguns dos mais tradicionais blocos de rua da cidade. Foi a primeira associação de blocos formada no perÃodo pós-ditadura, com blocos que surgiram nos primeiros ventos da abertura polÃtica nos anos de 1980 e outros que surgiram na década seguinte.
A história começa com uma reunião realizada no Bar Bip Bip, conhecido reduto de sambistas, jornalistas e músicos em Copacabana. O motivo era uma entrevista conjunta para o Jornal do Brasil. Estavam lá representantes do Simpatia É Quase Amor, Suvaco do Cristo, Bloco do Barbas, Bloco de Segunda, Imprensa Que Eu Gamo, Escravos da Mauá, Carmelitas, Meu Bem Volto Já, Bip Bip e Clube do Samba.
Naquele encontro de botequim, surgiu a ideia de formar uma associação pela necessidade de se buscar, em conjunto, soluções que viabilizassem a infraestrutura e a segurança dos desfiles que começavam a crescer demais. Não se imaginava, naquele momento, que o Carnaval de rua chegaria aos milhões de foliões. Segurança, organização do trânsito e banheiros quÃmicos eram as maiores necessidades identificadas pelo coletivo.
Pela tradição
A Sebastiana trabalha pelo resgate e pela manutenção da tradição do Carnaval de rua do Rio em suas caracterÃsticas originais e primordiais: liberdade de expressão, democracia para todos os foliões, pluralidade e valorização da cultura popular.
Pelo seu trabalho, a Sebastiana tornou-se um importante fórum de discussões das questões diretamente ligadas ao Carnaval de rua e à cidade. Com o crescimento exponencial do número de blocos a partir de meados de 2000, a Sebastiana passou a promover um seminário anual chamado Desenrolando a Serpentina, no qual são debatidos temas como o impacto dos blocos na cidade, liberdade e democracia, ocupação de territórios, pluralidade de ritmos e novas agremiações, papel do poder público e os impactos da regulamentação, entre muitos outros.
A Sebastiana realiza também dois bailes: o Grito da Sebastiana e o Baile À Fantasia, como parte do trabalho de difusão das tradições carnavalescas.
Um bloco de rua, no conceito da Sebastiana, é um tipo de cortejo carnavalesco aberto, livre e democrático, em que pessoas seguem cantando e dançando ao som de sambas ou marchinhas carnavalescas, geralmente no embalo de uma bateria.
Os desfiles acontecem em diferentes lugares, respeitando-se o território de origem de cada agremiação e sua relação com o lugar. Os trajetos são previamente definidos e se repetem ano a ano. A Sebastiana defende a relação dos blocos cariocas com seus territórios e a manutenção dos desfiles nesses lugares, sendo contrária a ideia de um único local de desfile para todos os blocos do Rio.
Cada bloco tem suas caracterÃsticas individuais, sua bandeira, suas cores, sua temática, sua camiseta. Nos blocos da Sebastiana não existem, em hipótese alguma, exigências para que os foliões vistam camisetas, abadás ou qualquer outra indumentária como exigência para desfilar. Vai quem quer e como pode.
Valorizar a democracia, a participação popular e de toda as pessoas, impedir o uso de cordas e de áreas vips para foliões são condições para se fazer parte da associação. É esse o Carnaval que fazemos e que defendemos.